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Ensinar a aprender

Pode parecer à primeira vista um pouco estranho ter de ensinar estudantes a aprender, mas na verdade é uma das tarefas mais importantes de um professor.

Antes de começar a ensinar, nunca tinha parado para considerar que outras pessoas tinham diferentes estilos de aprendizagem, e muito menos que podiam não estar conscientes das melhores estratégias para optimizar a sua aprendizagem.

A dar aulas e apoiar estudantes que estavam a escrever trabalhos académicos, pude realmente entender quão pouco por vezes estes estudantes sabiam sobre os seus próprios estilos de aprendizagem, e tentei incluir nas minhas aulas alguma orientação sobre como estudar e reflectir sobre os próprios estilos e estratégias de aprendizagem, e tento sempre misturar estratégias diferentes que possam apelar a estilos de aprendizagem diferentes.

 

 

 

 

 

 

 

Vários dos meus alunos procuram-me precisamente para os apoiar neste processo de se conhecerem, e é extremamente gratificante quando as notas começam a melhorar e a própria noção de compreensão das matérias, se torna muito mais aparente.

O que me surpreendeu mais foi que muitos estudantes que estavam já na Universidade nunca tinham aprendido a estudar, e viam-se agora confrontados com disciplinas cada vez mais difíceis e expectativas mais altas, e estavam a sentir-se completamente perdidos.

As pessoas podem ter diferentes estilos de aprendizagem, como: visual (através da visão), auditório (pela audição), cinestético (pelo movimento); de grupo (trabalhando com outros), individual (trabalhando sozinho), social (pela interacção); reflectivo (pensando sobre as coisas de forma mais profunda), impulsivo (confiando nos seus instintos) e analítico (estudando regras).  

Daqui podem salientar-se três dimensões principais: os estilos associados aos sentidos (visual, auditório, cinestético); os estilos associados ao ambiente (grupo, individual, social); e os estilos cognitivos (reflectivo, impulsivo, analítico).

A dimensão dos sentidos refere-se a quais os sentidos que nos permitem receber e armazenar melhor a informação. Assim, um individuo com estilo de aprendizagem visual pode ter como boas estratégias de aprendizagem a leitura da informação e ter os apontamentos escritos de forma visualmente apelativa (eu, por exemplo, preciso de ter as minhas notas escritas a computador ou escritas sem qualquer mancha ou risco e de preferência escritas a cores diferentes para os títulos, subtítulos, etc.). Quem aprende melhor de forma auditiva terá como estratégia primária ouvir a informação, ouvir o professor, e os livros áudio, o que é muito útil na aprendizagem de línguas. Aqueles que aprendem de forma cinestética precisam de ser capazes de fazer, de produzir. Precisará de sentir o próprio corpo enquanto aprende e será o tipo de individuo que precisa de escrever as palavras de modo a que o corpo se lembre dos movimentos associados com a escrita.

Então, há o ambiente no qual a informação é recebida de forma mais clara e armazenada mais eficientemente. Alguns de nós trabalham melhor sozinhos, dando tempo para reflectir nos pontos que valorizamos mais, ou que são um desafio maior (estilo individual), outros trabalham melhor em grupo, ouvindo as opiniões e ideias de outros (estilo grupo), e pela interacção com outros, uma estratégia particularmente útil na aprendizagem de línguas, onde a interacção com um nativo pode ser extremamente produtiva, a vivência de situações sociais reais (estilo social).

Ao receber a informação, nós processamo-la de forma cognitiva, e podemos fazê-lo confiando nos nossos instintos (impulsivo), a pensar mais profundamente sobre os assuntos (reflectivo) ou criando padrões de regras nas nossas mentes que nos permitem entender melhor e contextualizar a nova informação (analítico).

Claro que é importante denotar que frequentemente o individuo tem uma combinação destes estilos. Por exemplo, eu aprendo melhor de forma visual, trabalhando sozinha e considerando os temas de forma analítica primariamente, mas também reflectiva.

Assim, é muito importante que cada estudante, quer esteja a aprender línguas, ou na escola/Universidade, reflicta sobre os seus estilos de aprendizagem, e tente desenvolver estratégias que possam optimizar a recepção e armazenamento de informação.

 

 

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